domingo, 30 de novembro de 2014

Diretora que resistiu à ditadura recebe homenagem em mostra de cinema

29 de novembro de 2014 - 12h49

“O cinema foi para mim, naquele momento, uma forma fundamental de sobrevivência”. A declaração da cineasta carioca Lúcia Murat faz referência ao período em que ela deixou a prisão, após três anos e meio, por resistir à ditadura militar.


Quando saí [da prisão], era como recomeçar a vida”, relembrou. Na busca pela superação, a diretora produziu filmes que têm como traço comum a expressão de diversas formas de violência. A cineasta é a homenageada deste ano da Mostra Cinema e Direitos Humanos no Hemisfério Sul, que começa no dia 4, na capital paulista, e tem como tema os 50 anos do golpe militar de 1964

Lúcia Murat foi militante do movimento estudantil e fez parte da resistência armada ao regime militar. Foi presa pela primeira vez em outubro de 1968, em um congresso estudantil, mas ficou apenas uma semana detida. Com a publicação do Ato Institucional 5 (AI-5), em dezembro daquele ano, Lúcia passou a viver na clandestinidade, mas foi encontrada e levada, em 1971, para o quartel da Polícia do Exército, onde funcionava o Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). “Fui torturada por dois meses e meio”, contou. Espancamento, choques elétricos e abuso sexual foram algumas das torturas sofridas.

O curador da mostra, Rafael de Luna, lembra que a escolha do tema para esta edição corresponde também a um contexto atual. “Temos visto algumas manifestações com alguns absurdos, pedindo intervenção militar. Parece-nos muito pertinente trazer esse tema para uma discussão de cinema e direitos humanos”, declarou Luna. Ele avalia que a filmografia selecionada de Lúcia Murat possibilita um diálogo com as obras escolhidas para a mostra competitiva. “Ao mesmo tempo em que a diretora homenageada é uma cineasta, cuja obra também é identificada com essa questão política, ela própria foi uma presa política.”

Com entrada grátis, o evento apresenta filmes que abordam temas relativos aos direitos humanos, à população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros) e enfrentamento da homofobia, às questões culturais e territoriais da população indígena, aos direitos da pessoa com deficiência, entre outros. As sessões são divididas entre Mostra Competitiva, Mostra Memória e Verdade, Mostra Homenagem Lúcia Murat e Sessão Inventar com a Diferença. Serão 41 filmes, todos com sistema closed caption e sessões que incluem audiodescrição, voltadas para pessoas com deficiência visual. A mostra é promovida pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

O filme que abre a mostra é o Que Bom Te Ver Viva (1989), de Lúcia Murat. Na Mostra Homenagem, também serão exibidos Doces Poderes (1996), Brava Gente Brasileira (2000) e Uma Longa Viagem (2011). Para a Mostra Memória e Verdade, foram selecionadas películas voltadas para o golpe de 1964, abordando questões sobre a ditadura e o contexto político da época. Os documentários Setenta (2013), de Emilia Silveira Brasil, e Cabra Marcado para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho, estão entre as escolhas da curadoria. “Uma mostra que reúne direitos humanos e cinema permite não somente ser informado do que se trata, mas trabalha com emoção”, declarou a diretora.

De Luna destaca, como uma novidade desta edição a mudança do nome da mostra, substituindo América do Sul por Hemisfério Sul. “Isso demonstra outro critério da curadoria na mostra competitiva. Agora, estamos recebendo filmes de outros continentes. Teremos países da Ásia, da África, entre os quais o Egito, a Índia e a Jordânia.” Na avaliação do curador, a mudança amplia o caráter da mostra como uma contribuição para a produção contemporânea, ao trazer filmes que não costumam chegar ao circuito comercial. Além disso, ele acredita que exibir filmes de países com universos culturais tão distintos também contribui para o debate sobre direitos humanos. Os melhores filmes, entre os 24 selecionados para a competição, serão eleitos por votação da plateia.

Outro destaque da programação é a Sessão Inventar com a Diferença, que exibe filmes-carta produzidos por alunos de escolas públicas de todo o país que participaram do projeto Inventar com a Diferença. O projeto levou cinema e direitos humanos para cerca de 300 escolas no primeiro semestre deste ano. O documentário Pelas Janelas, produzido por alunos da Universidade Federal Fluminense a respeito do Inventar também será exibido durante a mostra.

Fonte: Agência Brasil

Movimentos sociais elogiam campanha do SUS contra o racismo

29 de novembro de 2014 - 12h08

Ativistas do movimento negro não viram sentido no repúdio que o Conselho Federal de Medicina (CFM) manifestou à campanha contra o racismo no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a coordenadora da organização não goveramental (ONG) Criola, Lúcia Xavier, várias entidades já reconheceram que existe racismo no SUS e a campanha é uma forma de dar voz à população que enfrenta o problema.


Ministério da Saúde
Na última quinta-feira (25), o Ministério da Saúde lançou a primeira campanha publicitária que busca envolver usuários do SUS e profissionais de saúde no enfrentamento ao racismo institucional


















“Quando a gente fala em discriminação, não quer dizer que um negro entra no posto e é xingado. O que a gente acentua é a discriminação que tem por base o modo como a instituição promove os serviços e olha para a pessoa, não escuta as queixas, não a trata com cidadania, sabe que a população negra tem alguns agravos na saúde por causa da raça, e isso não é levado em consideração”, explicou Lúcia. Para ela, a manifestação do CFM é descabida, pois a campanha vem enfrentar um problema reconhecido pelo Ministério da Saúde e outras entidades.

A coordenadora ressalta que o problema de racismo no SUS não tem origem especificamente nos médicos, é de todo o sistema. Os negros sofrem muito por causa de uma cultura institucional que trata essas pessoas de forma discriminatória, disse a ativista. Segundo ela, a campanha está entre uma série de ações do governo que visam ao combate do racismo institucional.

O coordenador de Comunicação da Associação Paraibana de Portadores de Anemias Hereditárias e membro do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial da Paraíba, Dalmo Oliveira, a campanha é muito importante para o combate ao racismo. “O racismo institucional leva a um despreparo dos profissionais para lidar com as doenças que tem maior incidência na população negra”, defende.

Oliveira também diz que o movimento negro não acusa especificamente os médicos e enfermeiros de racismo. Na avaliação dele, o sistema funciona de forma que estes profissionais muitas vezes não escutem ou acreditem nos relatos dos pacientes negros.


O ativista conta que há diversos relatos de pacientes negros que tiveram seu estado de saúde negligenciado porque os profissionais de saúde pensam que a população negra é mais resistente à dor do que a não negra. “Eles acabam negando o analgésico, achando que a gente está exagerando na dor. Isso também acontece em situações de parto, como se as mulheres negras estivessem preparadas para aguentar mais dor que as não negras”, ressaltou o coordenador.

Na última quinta-feira (25), o Ministério da Saúde lançou a primeira campanha publicitária que busca envolver usuários do SUS e profissionais de saúde no enfrentamento ao racismo institucional. Com o slogan "Racismo faz mal à saúde. Denuncie!", a iniciativa visa a conscientizar a população de que a discriminação racial também se manifesta na saúde.

Dados do Ministério da Saúde mostram que as taxas de mortalidade materna infantil entre a população negra são superiores às registradas entre mulheres e crianças brancas. Os números mostram que 60% das mortes maternas ocorrem entre mulheres negras e 34% entre mulheres brancas.

A campanha prevê ainda que, por meio do Disque Saúde 136, as pessoas possam denunciar qualquer situação de racismo que tenham presenciado, além de se informar sobre doenças mais comuns entre a população negra e que exigem maior acompanhamento, como a doença falciforme e o diabetes tipo 2.

O CFM repudiou a campanha alegando que o Ministério da Saúde está driblando o foco do problema, que, para eles, é a falta de estrutura do SUS, que atinge pacientes de todas as raças. O conselho ainda disse que, pelo Código de Ética Médica, estes profissionais não podem diferenciar pacientes por razão de herança genética.

Fonte: Agência Brasil

Renato: “Nós renovamos o apoio a Dilma na garantia do emprego e renda”

28 de novembro de 2014 - 15h59

O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, no seu programa de rádio Palavra do Presidente, desta sexta-feira (28), avaliou o cenário político diante do anúncio da nova equipe economica da presidenta Dilma Rousseff e ressaltou a importância da confiança e apoio mútuo ao novo mandato. Para ele, é preciso compreender “o quadro da realidade de cada momento. A presidenta tem que enfrentar no terreno político e econômico uma série de obstáculos. Um novo governo depende dessa reorganização”.


  
Segundo o presidente comunista, outra situação que se deve compreender é que a oposição, desde o final do segundo turno e após a derrota, “subiu à cabeça” o sentimento de ‘vitória’, passando a atuar numa ofensiva, chegando a pregar medidas golpistas. Renato lembrou uma fala recente do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que diz haver “um sentimento de ilegitimidade da presidenta Dilma”.

“Eles não aceitam a vitória da presidenta Dilma, recém eleita pela maioria do povo brasileiro. Esse sentimento de ilegitimidade não é do povo, é dele [FHC], na tentativa de flertar com o golpe. A oposição está nesse nível”, proferiu.

No Congresso Nacional não está sendo diferente, lembra Renato. “Eles estão fazendo todo tipo de manobra para as coisas não prosperarem, eles querem paralisar o país, para justificar medidas drásticas, como o impeacheamant. É um momento político que temos que responder, temos que levar em conta isso”. Para ele, houve uma tentativa de boicote do setor econômico que praticamente não investiu, levando a economia a uma “semiparalisia” e é essa realidade que a presidenta tem que enfrentar.

No terreno econômico, a presidenta Dilma procurou formar uma equipe para responder esses desafios atuais. O presidente do PCdoB lembra que ainda vivemos no Brasil em um sistema capitalista e que o setor econômico exige todas as garantias para si. É assim que age o capitalismo, sobretudo na situação atual, inclusive paralisando os investimentos na época das eleições, recordou.

“A presidenta Dilma procurou organizar uma equipe econômica para responder aos interesses, mas sem perder as garantias do povo”. Explica ele, “o que a presidenta teve que fazer foi um pacto em que se levou em conta os interesses destes capitalistas, mas ao mesmo tempo garantir os interreses maiores dos trabalhadores e da maioria do povo, que é manter o maior nível de emprego e de renda”.

Equipe “plural”
Para Renato, a situação agora no segundo governo é de abrir caminho no terreno da economia, por isso, a presidenta tinha que ter uma equipe como essa, uma equipe “plural”. Esse grupo tem que tomar medidas imediatamente, pelo menos levar aos empresários, indicou ele, “a uma credibilidade maior para que eles voltem a investir. “Para isso, é preciso que o investidor privado venha e participe, para que o investimento cresça. Ela tem que sinalizar neste sentido, mas a questão de fundo é que a presidenta tenha um rumo e prioridades”.

A retomada do crescimento 
Segundo ele, essa equipe vai ajudar o governo. “Dando mais credibilidade ao mercado para que eles voltem a investir. E neste sentido, a gente garante os nossos objetivos mais importantes, que é continuar a distribuição de renda, continuar os investimentos sociais, a garantia de um nível alto do emprego e de renda do trabalho, o poder aquisitivo que se mantém na população”.

A presidenta não vai constituir uma equipe que não leve em conta essa prioridade de governo. O próprio novo ministro Joaquim Levy disse que esse ajuste fiscal é gradativo, é necessário, mas não será abrupto, duro como a oposição iria fazer. E o ministro disse que “o que define é a prioridade de governo, que leve em conta manter o nível de emprego alto e de renda”. “Não posso imaginar uma situação que não exista”, explica Renato, temos que acumular forças para que se possa chegar ao nível ideal de mudança. O certo é que mesmo num quadro de grande crise mundial, o governo Dilma tenha garantido e tenha reafirmado esse compromisso. Temos que analisar o rumo que se encaminha, e ela [a presidenta] assumiu um rumo e a equipe vai tocar isso”, apontou.

Renovar a confiança
O PCdoB parte neste momento em renovar os compromissos, falou Renato. A presidenta Dilma disse que vai manter os acordos, o resto é confusão da oposição. Não podemos entrar nisso, fazer o jogo deles, nós temos é que nos unir. Compreender e renovar a confiança de que ela vai cumprir os compromissos que fez na campanha. É uma equipe que ela propôs, o rumo e a prioridade de governo quem dá é ela e a presidenta tem mostrado que tem capacidade para isso. E isso que é fundamental”, ressaltou.

De São Paulo,
Eliz Brandão para a Rádio Vermelho

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Capital paulista recebe mostra de cinema do Oriente Médio

27 de novembro de 2014 - 14h52 

Começou nessa quarta-feira (26) na capital paulista, a Mostra de Cinema do Oriente Médio 2014, organizada pelo Sesc São Paulo e pela Secretaria Municipal de Cultura. O evento traz 15 filmes produzidos na Síria, Líbano, Palestina, Irã, Turquia, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Tunísia e Jordânia, com ingressos que custam entre R$5,00 e R$1,00.


Cena do filme <i>As 18 fugitivas</i>Cena do filme As 18 fugitivas
A Mostra trabalha com a desconstrução da ideia de Oriente como algo homogêneo. Os filmes da programação, entre documentários e ficções, trazem temas da realidade da região, como conflitos, refúgio, a mulher na sociedade, a Primavera Árabe, a identidade nacional e questões familiares.

Entre os filmes se destaca As 18 fugitivas. Uma mistura de atores reais e animação, que mostra a trajetória de 18 vacas, compradas por palestinos para produzir leite, que são declaradas “uma ameaça ao Estado de Israel”.

Há ainda obras históricas, como Odisseia Iraquiana, que aborda a trajetória do país árabe desde sua independência até a invasão pelos Estados Unidos, eRegistra, sou árabe, que conta a história do poeta nacional palestino Mahmoud Darwish.

No sábado, dia 29, às 18h, no Cine Sesc, acontece a sessão Cinema da Vela: O cinema palestino entre identidade e exílio com uma conversa informal com as curadoras da mostra, Arlene Clemesha e Márcia Camargos. Elas vão falar sobre a trajetória do cinema palestino, sua produção, os temas abordados e outros tópicos referentes à produção cinematográfica da Palestina.

Veja a programação completa:

Cine Sesc
26/11, quarta-feira, Abertura

21h – As 18 fugitivas

27/11, quinta-feira

15h – Em trânsito + Tempo de viver
17h – O professor
19h – Registra, sou árabe
21h – O agressor de Túnis

28/11, sexta-feira

15h – A caminho da escola
17h – A montanha
19h – Os enganados
21h – Mardan

29/11, sábado

15h – As 18 fugitivas
17h – O agressor de Túnis
18h – Cinema da Vela: O cinema palestino entre identidade e exílio
19h – Quando vi você
21h – Berlim -7º

30/11, domingo

15h – Girafada
17h – Quando vi você
19h – Mardan
21h – A caminho da escola

01/12, segunda-feira

15h – Água prateada, um autorretrato da Síria
17h – Odisseia iraquiana

02/12, terça-feira

15h – Registra, sou árabe
17h – Em trânsito + Tempo de viver
19h – Berlim -7º
21h – Os enganados

03/12, quarta-feira
15h – A montanha
17h – Girafada
19h – Água prateada, um autorretrato da Síria
21h – Odisseia iraquiana

Cine Olido

29/11, sábado

15h – Registra, sou árabe
17h – Os enganados. A curadora Arlene Clemesha apresenta a sessão.

30/11, domingo

15h – Mardan

02/12, terça-feira

15h – A montanha
17h – O professor
19h – Berlim -7º

03/12, quarta-feira

15h – Em trânsito + Tempo de viver
17h – A caminho da escola
19h – Mardan
Fonte: UJS 

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Jornalista da Globo diz que eleitores Dilma são “cúmplices” de corrupção

Opinião de Alexandre Garcia foi veiculada por meio de comentário radiofônico em diversas emissoras e causou constrangimento entre seus pares
Por Redação Revista Forum
novembro 24, 2014 16:39

Comentando a prisão de Fernando Baiano e Adarico Negromonte pela Operação Lava Jato, o jornalista Alexandre Garcia afirmou em programa de rádio que os “53 milhões de eleitores” (na verdade, foram 54.499.901) que votaram em Dilma Rousseff (PT) são “cúmplices” da corrupção na Petrobras, uma vez que as denúncias envolvendo a estatal eram conhecidas desde o início do ano. 
Garcia também lamentou o fato de não ter saído a ordem de prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. “Enquanto isso, é bom que se diga, de novo: 53 milhões de eleitores aprovaram tudo isso e 39 milhões de eleitores lavaram as mãos. Já estava tudo sabido pelos jornais, pelo rádio, pela televisão, desde janeiro, e depois na campanha política. Então, não me venham dizer que não são cúmplices”, disse.
Os comentários para o rádio são produzidos fora da Globo e distribuídos para várias dezenas de emissoras por todo o Brasil, entre elas a Itatiaia, de Minas Gerais, e a Estadão, de São Paulo. No YouTube, a peça que mostra a “indignação” de Garcia está com quase 30 mil visualizações até a publicação do texto.
Segundo Daniel Castro, do UOL, o comentário foi visto como agressivo, exagerado e inoportuno nos corredores da Globo: “Jornalistas avaliam que a opinião de Garcia foi um ‘tiro no pé’ e afeta a imagem da emissora mesmo não tendo sido feito na TV, afinal, ele é conhecido e só tem ‘programete’ em rádio porque é ‘o Alexandre Garcia da Globo’. Em um momento de luta contra a queda da audiência, não ajuda em nada agredir 53 milhões de telespectadores”.
Em tempo: a Carta Capital publicou, em abril passado, uma recomendação de um diplomata britânico para o seu governo durante a crise nas ilhas Malvinas, em 1982, para que fosse permitido a Garcia – então trabalhando para a Rede Manchete –acesso às ilhas, uma vez que ele já falava a favor do governo britânico. Segundo a nota, o jornalista, que trabalhou como porta-voz da Presidência durante o governo do general brasileiro João Baptista Figueiredo, havia sido recepcionado também por outro ditador: Augusto Pinochet, no Chile.