segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sem surpresas, debate na Rede TV! favorece Dilma

Quem esperava pelo “confronto duro” anunciado pela grande mídia se frustrou. De bloco a bloco, o segundo debate televisivo entre Dilma Rousseff e José Serra, neste segundo turno das eleições presidenciais, lembrou mais o poema de Mário de Andrade e, sem surpresas, foi “sempre um cauteloso pouco-a-pouco”.

Por André Cintra
Promovido pela Rede TV! e pelo jornal Folha de S.Paulo, na noite deste domingo (17), em Osasco (SP), o encontro acabou por beneficiar Dilma – sobretudo por ter acrescentado pouco à campanha. A candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando não foi tão contundente como no debate anterior, na TV Bandeirantes, uma semana atrás – mas tampouco Serra brilhou.

Por insistência de Dilma, o tema que dominou o embate deste domingo foi o das privatizações. A candidata lembrou o legado privatista dos oito anos de governo FHC (1995-2002) e da gestão de Serra como governador de São Paulo (2007-2010). Quando, por exemplo, a estatal paulista Gás Brasiliano estava prestes a ser vendida para a Petrobras, Serra interveio para privilegiar concorrentes estrangeiras.

“Fala-se de um jeito. Agora, age-se de outro”, disse Dilma sobre um Serra que tentou encarnar a persona de defensor histórico da Petrobras, desde quando “a empresa era adolescente”. O tucano chegou a afirmar que “o governo Lula a Dilma fizeram mais concessões a empresas privadas do que o Fernando Henrique”, mas Serra não justificou tamanho despautério. Teve de justificar, sim, a acusação de Dilma segundo a qual o governo FHC queria rebatizar a Petrobras “no intuito de agradar o mercado internacional para captar dinheiro”.

Serra variou os temas, ainda que suas perguntas partissem invariavelmente da falsa premissa de que o Brasil está abandonado pelo governo federal. Suas perguntas a Dilma questionaram a atuação do governo Lula em saúde, educação, segurança, infraestrutura e combate às drogas, entre outros temas. Nas respostas, réplicas e tréplicas foi que a tática serrista não se alterou. O presidenciável tucano, sob orientação do marqueteito Luiz Gonzales, formatou suas intervenções de olho na propaganda eleitoral – o que colaborou, e muito, para a monotonia do debate.

Calculando até demais certas palavras, Serra não se cansou de repetir slogans, mantras e promessas de sua campanha no rádio e na televisão. Soou como mais do mesmo – um saldo desfavorável para quem está atrás nas pesquisas de intenções de voto. Serra também reclamou que Dilma “só fala de São Paulo”, como se fosse “candidata a governadora”.

Foi a forma de o tucano dizer que evitaria discutir a aprovação automática, a Cracolândia, o PCC e outros cânceres alastrados nos sucessivos governos do PSDB no estado. “O esporte preferido do PT é falar mal de São Paulo”, dissimulou o Serra. “Não, eu tenho admiração pelo povo paulista, que é um povo trabalhador”, respondeu Dilma. “Não confunda a inteligência do povo paulista com as falhas do seu governo.”

Projetos distintos

Já Dilma, com dados a mão, empenhou-se em demarcar diferenças entre os governos de Lula e de FHC. Foi assim quando abordou assuntos mais específicos, como construção de escolas técnicas, investimentos em segurança pública (sobretudo na Polícia Federal) e tratamento a viciados em drogas.

Neste último ponto, coube uma ironia: ao recordar que a política de Serra para tratar usuários de crack atendia a, no máximo, 300 pessoas por vez, Dilma estimou que “vai levar um século” para o PSDB “resolver o problema”. E emendou: “A característica principal do candidato Serra é fazer programa piloto – poucos para poucos”.

Com as perguntas de jornalista para candidato, Serra teve seu momento mais constrangedor no debate. No mesmo bloco em que Dilma manifestou sua “indignação” com as contratações de parentes efetuadas pela ex-ministra Erenice Guerra na Casa Civil, o candidato do PSDB à Presidência teve de encarar o fantasma do engenheiro Paulo Vieira Souza, ex-diretor de engenharia da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) em São Paulo. Conhecido como Paulo Preto, Vieira é acusado de ter sumido com R$ 4 milhões de dinheiro arrecadado para a campanha presidencial tucana.

“Seu partido critica o governo Lula por não saber do mensalão. Agora surge no noticiário um personagem chamado Paulo Preto. O senhor disse que não conhecia ele e depois disse que o conhecia”, recordou a jornalista Renata Lo Prete, da Folha. “Hoje foi publicado que o senhor empregou uma filha dele em seu governo. Candidato, o senhor sabia disso?”

Serra, engasgado, nada falou sobre a contratação da filha e negou a acusação de no caixa 2 da campanha. O candidato, porém, admitiu não ter controle sobre seus comandados: “Eu não soube (de reclamações sobre Paulo Preto), nunca vieram reclamar”, declarou. Denúncias contra o ex-diretor da Dersa, no entanto, são públicas e notórias desde maio, com as revelações da Operação Castelo de Areia, deflagrada pela Polícia Federal.

Nas considerações finais, Serra, autoproclamando-se “um servidor público”, enalteceu suas origens pobres e a “escola pública”, entre outros clichês. Dilma aproveitou para enfatizar o principal trunfo de sua candidatura. “Tenho a honra de ser apoiada e estar no mesmo do projeto que o maior presidente que este país já teve, que foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, finalizou a candidata.

Segundo dados preliminares do Ibope, o debate na Rede TV! chegou a registrar sete pontos de audiência na Grande São Paulo – ou cerca de 392 mil domicílios. Mas a audiência média foi de modestos 4,3 pontos. Até a realização do segundo turno, haverá pelo menos mais um tête-à-tête entre os candidatos. Será no dia 29 deste mês, a dois dias da eleição, na sempre suspeita TV Globo.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Perfil: Conheça os parlamentares comunistas eleitos em 2010

Perfil: Conheça os parlamentares comunistas eleitos em 2010
A página do PCdoB reúne neste espaço informações e perfis dos comunistas eleitos ou reeleitos para os mandatos de senador (1) e deputado federal (15). Os novos parlamentares passam a atuar no Congresso em 2011 e terão a responsabilidade de continuar e avançar no trabalho que tem sido feito pelo partido ao longo dos últimos anos, visando levar o Brasil a um patamar ainda mais avançado de desenvolvimento com distribuição de renda e justiça social. Confira também a lista de estaduais.

Senado

Vanessa, a mulher que desbancou Artur Virgílio no Amazonas


Câmara Federal
Acre
Perpétua vai para terceiro mandato, ampliando sua votação

Amapá
Evandro Milhomen é o 6º deputado mais votado do Amapá

Bahia
Entre federais mais votados na Bahia, Daniel vai para 3º mandato
Única mulher dos 39 deputados baianos, Alice vai para 3º mandato
Eleição de Edson Pimenta significa vitória das lutas populares
Ceará

Sétimo federal mais votado, João Ananias estreará em Brasília
De ambulante a deputado, Lopes conquista o Ceará para 2º mandato
Minas Gerais

Jô Moraes é a única deputada federal eleita por Minas
Pernambuco
Testada e aprovada pelo povo, Luciana Santos chega à Câmara

Piauí

Osmar Júnior é reeleito para representar o Piauí na Câmara
Rio de Janeiro

Mulher mais votada no Rio, Jandira volta à Câmara para 5º mandato

Rio Grande do Sul
Manuela: a deputada mais votada do Rio Grande do Sul
Assis Melo reforça bancada gaúcha na Câmara
São Paulo


Aldo Rebelo assumirá sexto mandato consecutivo na Câmara Federal
Disputando eleição pela primeira vez, Protógenes sai vitorioso

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Abortando a Eleição

Abortando a eleição
Brasileiros e brasileiras! O capeta está solto! Empunhemos nossos terços e Bíblias e até Alcorões, se os houver! Herodes brande a espada afiada contra as criancinhas do Brasil! Ergamos a fogueira! Queimemos os hereges! O aborto e os gays estão espreitando pela janela!
Gente do céu! Que tiririquice! Que babaquice mais que medieval. Que onda inquisitorial graçando em pleno século XXI. A caça às bruxas. O extermínio dos veados. Cruz, credo! Xô Satanás! Estamos apenas tentando eleger um Presidente para o Brasil. Estamos discutindo propostas e projetos para uma boa administração do Brasil. Aborto, gueisismo, pílula, camisinha não é prioridade do momento.
O processo eleitoral corria tranquilo, dentro dos princípios democráticos: discute-aqui- denucia-ali, promete-isso, condena-aquilo, tudo numa boa. De repente a serenidade é detonada por uma horda de aiatolás, talibãs, mulás, numa gritaria ensurdecedora contra os que ameaçam o poder do Altíssimo.
Alguns vestidos de batina (ainda!), outros de mitra e báculo, outros de terno e gravata ostentando Bíblias, todos ecumenicamente de dedo em riste acusador: “ela é a favor do aborto, ele apóia o casamento homem-com-homem, mulher-com-mulher, os dois defendem a distribuição de camisinhas até para as crianças da escola.
Deus do céu! Que atraso! Que tiririquice! Pra começar, arbitrar sobre aborto e formas de casamento é da competência do Congresso Nacional e não do Presidente da República, que apenas sanciona ou veta a disposição do Congresso. Além do mais, aborto e casamento gay nem estão em pauta de discussão, hoje.
Mais importante e pertinente agora é ouvir dos candidatos suas propostas e projetos concretos quanto à saúde, educação de qualidade, distribuição de renda, segurança da população, criação de empregos, formas de apropriação ou não do Estado, relações diplomáticas e econômicas com outros países, transporte, saneamento básico, liberdade de imprensa, desenvolvimento do país, programas sociais, etc., etc.
E mais: estamos num país democrático, regido por uma Constituição Civil e não pelas tábuas da lei de Moisés. É um país democrático e laico e não teocrático, apesar de supostamente religioso. Sua capital é Brasília e não o Vaticano, nem a Canção Nova, nem a sede da Assembléia de Deus, nem a CNBB.
Tentar manipular a consciência do eleitor, ameaçando-o com a ira de Deus é injuriar o próprio Deus que nos criou livres. O dia em que o povo tiver que consultar um aiatolá de plantão tipo Pastor Silas Malafaia, ou um Padre José Augusto (Canção Nova) para votar, é melhor rasgar o título de eleitor e o estatuto da maioridade civil. O que vem se praticando em meios religiosos no momento, é o aborto da eleição, da democracia, da Constituição e do bom senso. Xô Satanás!
Pe. Otto Dana – Pároco da Igreja Sant´Ana em Rio Claro SP